06 abril, 2006

Corpo e Sangue - parte XI . b

08 de janeiro – Ano 201 d.v.C.

Refúgio de Karenin Solphière, Regente Tremere
Centro de Florença


No interior de uma majestosa biblioteca, Apeiron e Túlio ouvem o eco de um uivo não muito longe dali. Os olhos de Apeíron se alargam e ele se põe alerta e preocupado; sabe que aquilo fora um chamado. Túlio cobre os ouvidos com as mãos. O grito vem acompanhado do som do coração do garou que o lançara se quebrando. Túlio sabe que ele morrera, vira-o caindo, atingido por cinco flechas certeiras, enquanto a lua cheia observava muda. A dor da criatura chega até ele, e Túlio cai no chão de joelhos, ainda cobrindo os ouvidos, em uma tentativa inútil de não ouvir. Uma visão lhe vem rapidamente à mente, como um flash de memória, na qual ele vê um pequeno grupo, com cerca de 40 indivíduos armados descendo as encostas das montanhas, próximas da região em que o refúgio seu e de seu guardião se localizava. O espírito de um grande dragão e de uma quimera acompanhavam a matilha. De seu lado, Apeiron procura colocá-lo de pé, tomando-o pelo braço.

_ Túlio! Túlio, sente alguma coisa?

A expressão do menino é séria e apática, e seus olhos estão vazios e enevoados.

_ Veja... Eles irão atacar...



Palazzo Real da Camarilla


Na sala do trono, Raphael Melcchio conversava animado com os espíritos feéricos que ocasionalmente lhe faziam companhia. Os assuntos com o Sabá deixavam-lhe desgostoso e perturbado, e ele procurava consolo naquelas mágicas companhias. O som do chamado garou, contudo, chega também à sua corte. Os changelins fogem de volta para a Arcádia, assustados. Melcchio direciona os olhos translúcidos para os vitrais do salão e para a grande lua no céu.

_ Merda!



Refúgio de Abel Elíade
Região Oeste de Florença


No interior de um palazzo mediano de estilo antigo, a figura soturna de Abel Eliade, antigo dentre os Tremere de sua linhagem, preparava-se para iniciar um de seus macabros rituais de sangue. Nesse instante, contudo, chega até seus aguçados sentidos o longo clamor que fora ouvido por toda a região. Abel reconhece aquele som, sabe que trata-se de um pedido de ajuda. Sabe que era a voz de um garou o que ouvira. Um frio lhe percorre a espinha enquanto ele respira fundo. Calmamente, meticulosamente, ele retoma os preparativos de sua mágica...



Centro de Florença
Arredores do teatro Alichino


É com pesar que o jovem alto e loiro observa a queda dos três bravos garous. Ele possuía um certo apreço pela raça dos Fianna; afinal, eles tinham a mesma descendência, o mesmo sangue celta. Fora muito simples eliminar o jovem garou mais novo, mas a morte dos três maiores lhe deixava meio incomodado. Sentia-se, contudo, menos culpado por não ter sido ele mesmo a ter de matar a fêmea e aquele que parecia ser seu companheiro; eles tinham um ar realmente honrado e nobre.

O jovem loiro já se preparava para partir, quando ouve o uivo que percorre toda a noite de Florença.

_ O Réquiem dos Caídos... – ele murmura para si mesmo. Sabe que aquele chamado significará problemas para sua raça. Os Fianna não deixarão por nada a morte de cinco de seus filhos.

Ele se levanta e dá uma última olhada para o homem de chamas. Ele lhe passava uma impressão estranha, uma espécie de deja vu. As chamas que ele invocara também não traziam boas lembranças, mas isso não importava naquele momento. Aquele homem que viera com os garous era um mago, o jovem sabia. Ele sentia o cheiro da mágica, e não era um bruxo cainita.

Depois de alguns segundos, o celular em seu bolso indica uma chamada, que ele, homem de poucas palavras, atende de forma arcaica e contida.

_ Hm!

_ Sua Alteza manda chamá-lo, precisa de sua guarda. Esqueça o Sabá e todo o resto e venha até o Palazzo. Não temos tempo a perder.

O jovem loiro desliga o telefone de mau humor. Não lhe agradava empreender uma luta contra os garous; pelo menos, não contra os Fianna. Mas ele iria, de qualquer forma, e guardaria a vida do Príncipe se fossem essas suas ordens.

Um comentário:

Anônimo disse...

Tomou?