05 de janeiro – Ano 201 d.v.C.
Em uma pequena igreja próxima aos bairros portuários.
"Nunca havia visto aquele garoto ali antes. Não sabia seu nome ou a que família pertencia; mas isso de nada importava. Terminada a cerimônia, depois de atender algumas beatas de pecados frívolos, deparara-me com ele esperando junto ao confessionário, como me esperavam todos que desejavam a confissão. Ele estava sentado, tornozelos cruzados e as mãos sobre o colo. Na aparência tinha uns treze anos, praticamente uma criança; mas isso também de pouco importava. Redenção, depois de tudo, não fora mais do que uma desculpa.
Santo Deus, perdoa os meus impulsos, que minha mente não fora forte o suficiente para controlá-los.
Bastou-me a visão daquele menino, depois de toda uma vida de devoção absoluta, para lançar-me veementemente ao Inferno! Bastou-me a visão daquele menino. No instante em que pus os olhos nele – pálido, suave e macio, curvas bem feitas, longos cabelos caídos sobre os ombros puros e perfeitos - , eu o desejei. Era como uma magia muito forte, coisa de bruxos, perdi completamente a noção do que fazia. Eu queria aquele garoto, e iria tê-lo. Simples assim.
Dispensei os coroinhas com uma desculpa exclusa de cansaço e indisposição; depois levei a criança para uma pequena sala que ficava aos fundos do confessionário (as portas da igreja nunca deveria ficar completamente trancadas; alguém poderia aparecer). No momento em que consegui levá-lo até a tal sala, quando a chave girou trancando-nos sozinhos ali, pensei que algum tipo de loucura me dominara e que eu deveria, a todo custo voltar à consciência que bons homens devem manter diante de Deus. Meu corpo, contudo, não obedecia; esse pensamento de misericórdia esvaneceu-se assim que rasguei as parcas roupas que o garoto trajava, prendendo-o com o peso de meu corpo. A visão da sua adolescência nua despertou um lado que eu passei a vida toda aprisionando. Ele contorcia-se em silêncio debaixo de meu corpo grande e pesado, enquanto eu experimentava uma espécie de transe. Podia ouvir minha própria respiração, insistente, enquanto que a do garoto pausava, sempre no mesmo ritmo rude, mantendo os meus movimentos eufóricos. Ele parecia estar gostando daquilo; sua expressão não mudara, mas ele trabalhava com os quadris e me conduzia a novos espasmos. E, mais uma vez, nós nos uníamos, na agonia de um perverso deleite.
Quando meu ímpeto colocou-se à frente pela terceira vez, o garoto caiu pesadamente sobre a mesa em que eu o atirara. Voltou o rosto para mim e eu tive a certeza de que o Inferno buscaria-me por aquela blasfêmia. A face do menino distorcia-se em uma irreconhecível máscara felina e, embora tentasse parar meus movimentos, só o que conseguia era ouvir meus próprios gritos de desespero diante daquele demônio.
Foi quando algo moveu-se em minha direção, vindo bem do fundo das entranhas dele. Desperto pela excitação do menino, “aquilo”, seja o que fosse, seguia para dentro de mim, rastejando por dentro de meu sexo e o dilatando dos lados. Cada impulso – feito contra minha vontade, pois já não conseguia parar – vinha acompanhado de uma sensação endurecida, intensamente dolorosa, ainda que estranhamente prazerosa. Procurei as palavras para uma prece de misericórdia, mas tudo o que encontrei em minha mente e espírito foi uma escuridão tão velada e profunda quanto os olhos daquela criatura. Não sabia o que era, mas aquilo que movia-se para dentro de meu corpo parecia vivo. Eu era capaz de sentir “a coisa” forçando seu caminho até mim. Eu gritava e me contorcia, porém não era capaz de arremessar o garoto para longe. As coxas do menino-monstro prendiam-me pela cintura em um sensual abraço de morte. Tão apertado... Ele demonstrava uma força descomunal até para o mais forte dentre os homens. Aquilo era um demônio. Sim, tenho certeza de que era um demônio. E a igreja estava vazia. O culto terminara e eu mesmo dispensara os coroinhas.
A tortura e o prazer eram impronunciáveis. Finalmente, pude ouvir o estalo molhado dos ossos de meu quadril se quebrando, fornecendo para minha mente um stress de loucura e dor nunca antes suportados. Eu cai, esparramado, no piedoso abismo da inconsciência."
Em uma pequena igreja próxima aos bairros portuários.
"Nunca havia visto aquele garoto ali antes. Não sabia seu nome ou a que família pertencia; mas isso de nada importava. Terminada a cerimônia, depois de atender algumas beatas de pecados frívolos, deparara-me com ele esperando junto ao confessionário, como me esperavam todos que desejavam a confissão. Ele estava sentado, tornozelos cruzados e as mãos sobre o colo. Na aparência tinha uns treze anos, praticamente uma criança; mas isso também de pouco importava. Redenção, depois de tudo, não fora mais do que uma desculpa.
Santo Deus, perdoa os meus impulsos, que minha mente não fora forte o suficiente para controlá-los.
Bastou-me a visão daquele menino, depois de toda uma vida de devoção absoluta, para lançar-me veementemente ao Inferno! Bastou-me a visão daquele menino. No instante em que pus os olhos nele – pálido, suave e macio, curvas bem feitas, longos cabelos caídos sobre os ombros puros e perfeitos - , eu o desejei. Era como uma magia muito forte, coisa de bruxos, perdi completamente a noção do que fazia. Eu queria aquele garoto, e iria tê-lo. Simples assim.
Dispensei os coroinhas com uma desculpa exclusa de cansaço e indisposição; depois levei a criança para uma pequena sala que ficava aos fundos do confessionário (as portas da igreja nunca deveria ficar completamente trancadas; alguém poderia aparecer). No momento em que consegui levá-lo até a tal sala, quando a chave girou trancando-nos sozinhos ali, pensei que algum tipo de loucura me dominara e que eu deveria, a todo custo voltar à consciência que bons homens devem manter diante de Deus. Meu corpo, contudo, não obedecia; esse pensamento de misericórdia esvaneceu-se assim que rasguei as parcas roupas que o garoto trajava, prendendo-o com o peso de meu corpo. A visão da sua adolescência nua despertou um lado que eu passei a vida toda aprisionando. Ele contorcia-se em silêncio debaixo de meu corpo grande e pesado, enquanto eu experimentava uma espécie de transe. Podia ouvir minha própria respiração, insistente, enquanto que a do garoto pausava, sempre no mesmo ritmo rude, mantendo os meus movimentos eufóricos. Ele parecia estar gostando daquilo; sua expressão não mudara, mas ele trabalhava com os quadris e me conduzia a novos espasmos. E, mais uma vez, nós nos uníamos, na agonia de um perverso deleite.
Quando meu ímpeto colocou-se à frente pela terceira vez, o garoto caiu pesadamente sobre a mesa em que eu o atirara. Voltou o rosto para mim e eu tive a certeza de que o Inferno buscaria-me por aquela blasfêmia. A face do menino distorcia-se em uma irreconhecível máscara felina e, embora tentasse parar meus movimentos, só o que conseguia era ouvir meus próprios gritos de desespero diante daquele demônio.
Foi quando algo moveu-se em minha direção, vindo bem do fundo das entranhas dele. Desperto pela excitação do menino, “aquilo”, seja o que fosse, seguia para dentro de mim, rastejando por dentro de meu sexo e o dilatando dos lados. Cada impulso – feito contra minha vontade, pois já não conseguia parar – vinha acompanhado de uma sensação endurecida, intensamente dolorosa, ainda que estranhamente prazerosa. Procurei as palavras para uma prece de misericórdia, mas tudo o que encontrei em minha mente e espírito foi uma escuridão tão velada e profunda quanto os olhos daquela criatura. Não sabia o que era, mas aquilo que movia-se para dentro de meu corpo parecia vivo. Eu era capaz de sentir “a coisa” forçando seu caminho até mim. Eu gritava e me contorcia, porém não era capaz de arremessar o garoto para longe. As coxas do menino-monstro prendiam-me pela cintura em um sensual abraço de morte. Tão apertado... Ele demonstrava uma força descomunal até para o mais forte dentre os homens. Aquilo era um demônio. Sim, tenho certeza de que era um demônio. E a igreja estava vazia. O culto terminara e eu mesmo dispensara os coroinhas.
A tortura e o prazer eram impronunciáveis. Finalmente, pude ouvir o estalo molhado dos ossos de meu quadril se quebrando, fornecendo para minha mente um stress de loucura e dor nunca antes suportados. Eu cai, esparramado, no piedoso abismo da inconsciência."
Das visões de Abade Mateu.
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